terça-feira, 21 de maio de 2013

Eu e minha mania de querer ser gente grande


Gostaria de fazer um desabafo, ou apenas escrever um pouco sobre o que estou sentindo nesse momento, antes que eu não encontre mais as palavras (na verdade, acho que já não as tenho). 

Nesse momento, me sinto como uma criança - Pequena, indefesa, inocente, ignorante, e mais uma infinidade de adjetivos que no momento não consigo expressar ao certo. Uma criança que acaba de ver seu pai, que acaba de descobrir que se ela lançar-se seu pai estará ali - CONFIANÇA, é o sussurro que tenho em meu coração. Uma criança que se dedica em prol de algo, esperando esse algo pacientemente e com uma esperança inquestionável - PACIÊNCIA, escutei meu pai falar-me certo dia. Uma criança que tem a coragem, ou a virtude, de não mentir, de dizer que isto esta bom e que aquilo esta péssimo, uma criança que reconhece seu erro e pede perdão (por medo, por respeito, por educação, por amor... não importa no momento) - SINCERIDADE? fui questionado. (...)

- ESPERA! - gritou meu ego - O QUE? COMO ASSIM? EU FUI QUESTIONADO? Mas EU já sei disso... EU já sei daquilo... Isso é muito idiota... Isso é leite, quero carne assada de 'antiontem'...

- NÃO! - me disse a voz, com firmeza e certeza - Quem você pensa que é? Já parou pra olhar pra trave nos olhos? E essa hipocrisia escancarada em seu coração? Não é a mesma que sai por sua boca? Você acha mesmo que não há problema? Acha mesmo que esta tudo bem? Acha mesmo que é autosuficiente? Que és forte? Criança, - com um tom mais calmo e ameno - olhe pra você, ainda és só uma criança, és café com leite. Pra que correr? Pra que queres ser adulto? Pra que a pressa? Esperar, é caminhar - diz a canção, não? - fui questionado mais uma vez, mas dessa vez foi diferente... Meu ego? Calou-se; Meu 'eu'? Esfriou-se; Minha espinha dorsal gelou...

- MEDO? O que é isso? Estou caindo? Não pode ser, eu estava firme... - Mais uma vez meu ego, mas dessa vez em silêncio, apenas tentando entender o que estava a ocorrer. - Eu estava apoiado, eu estava... juro que estava.

Então, em meio ao caos fechei meus olhos e gritei sem abrir a boca - SOCORRO! - e em meio a queda senti um frio na barriga e, então, senti o chão - como quando era criança e entrava no elevador.

- É ELE NOVAMENTE, EU SEI QUE É! - berrei em pensamento, e devagar abri meus olhos, como quando criança fazia ao chegar no pico da roda gigante...

Estava certo, ao menos dessa vez! Era Ele, meu pai estava ali comigo, mais uma vez. Me olhava com ar de repreensão, mas, chega a ser engraçado, com muito carinho... Como quando quebrava a lâmpada do pátio com minha bola dente de leite.

Seu olhar bastou, eu entendi tudo, era como - DESÇA da árvore, menino travesso! - mesmo sem Ele dizer uma palavra. Então, me lembrei: "Livre-se dos seus pressupostos. Mesmo que pareçam absurdos! Experimente outros pontos de vista, mesmo que pareçam heréticos." - e foi o bastante, pelo menos naquele momento.

Olhei pra ele, agora feliz e em paz, com vergonha e com um sorrisinho maroto pra tentar desarmar qualquer outro puxão de orelha - como quando estanquei o carro pela primeira vez e meu pai estava do meu lado - e disse: "Pai, sou só um menino e por isso falo como um menino, sinto-me como um menino e discorro como um menino... Mas, com toda a sinceridade do meu coração, espero um dia poder colocar essa frase no pretérito e completar com: 'mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.' - dei um suspiro e senti esperança e o sonho de ser gente grande - mas, esperarei pois confio em Ti.

Foi quando Ele abriu sua boca novamente e com um olhar sereno me disse: "Tenha calma, mantenha a fé e Eu estarei contigo. Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas e nem te espantes." - eu prestava atenção em suas palavras e confesso que me surpreendi quando com um sorriso mais maroto que o meu, Ele completou: "Eclesiastes 3, meu caro!".

Esses pais... Sempre trolls!!!! Mas é isso ai, é o melhor pra mim e eu confio nisso. Obrigado, meu pai, meu DEUS, meu mistério!

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