quarta-feira, 22 de maio de 2013

Uma pequena reflexão sobre a saúde pública no Brasil

Sem dúvidas, o sistema de saúde no Brasil tem passado por grandes progressos. Porém, o seu atual estado ainda é muito preocupante. Além de enfrentarem filas e listas de esperas gigantescas, os cidadãos ainda lidam com a falta de estrutura e com o beneficiamento do setor privado. Tais condições devem ser contestadas para que a saúde pública continue a desenvolver-se.

Campanha de combate a aids.
Esses progressos tiveram início no final da década de 80, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) - um dos maiores sistemas de saúde do mundo - e a garantia, pela Constituição Federal de 1988, de atendimento médico como um direito a todos e um dever do estado brasileiro. Esse desenvolvimento foi tamanho que em apenas 25 anos, o SUS ganhou reconhecimento mundial ao dar assistência a portadores da AIDS (Saiba mais) e erradicar doenças como varíola e poliomielite.

Com a mesma certeza, muitas melhoras devem acontecer e esse sistema ainda está muito longe do ideal. E ao contrário do que muitos pensam o problema do SUS não é a qualidade de serviço oferecido e sim o acesso deficiente, segundo o índice de desempenho do SUS feito pelo Ministério da Saúde (IDSUS | Entenda a pesquisa). Ou seja, pacientes têm dificuldades em conseguir atendimento em tempo eficaz, sendo submetidos a filas que podem durar dias e listas de espera que chegam a meses ou anos.

Somado a isso, encontra-se a falta de estrutura nos hospitais públicos e, por consequência, o beneficiamento do setor privado. Por exemplo, um médico recebe por consulta no setor público uma média de R$ 10,00, enquanto no setor privado esse valor é de R$ 42,00, segundo o Conselho Federal de Medicina (Dados de 2007). Além disso, esses profissionais e seus pacientes sofrem com a ausência de equipamentos e estruturas básicas, como macas e leitos. Dessa forma, aqueles que têm uma renda acima da média são praticamente forçados a adotar o sistema privado. O problema é que, depender da esfera privada é contraditório em um Constituição que garante a universalidade, integralidade e equidade da saúde.

Portanto, percebe-se a necessidade de uma cobrança mais intensa aos representantes do povo brasileiro por projetos como o "Programa Saúde Família", o qual fornece assistência domiciliar à população e fornece um caráter preventivo à medicina (que além de detectar enfermidades ainda no período inicial é mais barata). Paralelamente, deve haver uma melhor distribuição da mão de obra médica* (sem esquecer de condições de trabalho e vida digna) e maior investimento estrutural no setor público. Para que assim, a saúde brasileira continue a desenvolver-se e rume ao direito à igualdade de todo cidadão sendo cumprido de fato.

* O Governo Federal andou fazendo articulações com Cuba, Espanha e Portugal para a vinda de médicos ao Brasil (para serem enviados aos interiores e áreas mais carentes do país). A direita e o CFM demonstram muito desinteresse (em relação a Cuba) e chegaram a utilizar argumentos nojentos como se estivéssemos no auge da guerra fria (coisas toscas como: "para cada 5 médicos existe 1 agente secreto infiltrado para espalhar ideias comunistas no país"), o que acabou causando atrito nas negociações que acabaram sendo canceladas. É uma pena, pois o povo brasileiro necessita. 

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