http://
Já li, vi e ouvi várias vezes reflexões baseadas no capítulo 13 da 1ª carta do apóstolo Paulo à igreja de Corinto. Na maioria dessas reflexões, vi casais, amigos, pastores, todos comentando e declarando, de forma apaixonada, o amor para com outro ser, consigo e/ou com Deus.
Mas, enquanto refletia em outro texto (o de Tiago 1.27) lembrei-me de uma palavra de Jesus no sermão do monte: "Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem" (Mateus 5:43-44). Mais tarde, nos versículos 46 e 47, Jesus praticamente diz: "Do que adianta eu amar quem me ama? Do que adianta eu saudar apenas quem compartilha a mesma fé e opiniões que eu? Qualquer idiota consegue fazer isso".
Interessante é que, no texto em grego, quando Jesus mandou amar os inimigos, Ele não utilizou o verbo “erao” (amor sexual), nem “stergo” (amor familiar), nem “fileo” (amor amigo), mas o “agapao” (amor ágape). Assim, Cristo não pediu que nós tivéssemos afeto - isso seria impossível, além de doentio - ou que amassemos nossos inimigos como amamos marido/esposa, mãe/pai, irmãos, filhos ou amigos, mas nos incentivou a ter benevolência, a entendermos que tal "inimigo" precisa tanto de Cristo quanto nós, e que devemos estar preparados para estender as mãos, vencer o orgulho e perdoar.
E foi essa lembrança que me levou ao texto bíblico de 1 Coríntios 13 e me deu um novo modo de ver tal texto, pois o verbo utilizado pelo apóstolo Paulo também é o "agapao". Então li o texto da seguinte forma:
"Afinal, do que adianta eu conhecer os mistérios, ter sabedoria sobre o reino humano e o reino de Deus, conhecer exegese, escatologia e apologética, acreditar que Jesus é o único salvador, fazer obras sociais, me sacrificar com jejuns descomunais ou subir uma escadaria de joelhos, se for apenas para satisfazer meu ego e eu não tiver amor? De nada isso me valerá e eu nada seria.
Quem tem o amor não deve se irritar com facilidade, não revida diante do primeiro insulto recebido. Quem tem amor sente alegria, e não inveja, em ver pessoas felizes, pois o amor nos torna servo de todos e não reis. Quem tem amor não se alegra com a injustiça, pelo contrário, mesmo que o envolvido seja alguém que vá contra princípios e opiniões. Quem tem amor é como um telhado de uma fortaleza, sofre e suporta tempestades, ventanias, furacões, só para proteger os que estão dentro de casa, os mais frágeis, os mais necessitados, pois quem tem amor confia em Deus e em sua justiça e espera o socorro do Pai na hora da angústia.
Profecias, ciência, línguas e povos? Tudo isso deve passar. Mas o amor não, esse permanecerá para toda a eternidade, pois Deus é o próprio amor. Nós não conhecemos nosso Deus em sua integra, mas quando Jesus voltar, Ele nos levará à plenitude desse amor.
Quando comecei a conhecer Cristo, eu achava que o conhecia. Mal sabia que era um menino tolo! Eu tentava mostrar a todos, através de minhas ações forçadas, a minha fé, pensava que deveria mostrar a todos o quão errados eles estavam e o quão certo eu estava. Mas, eu amadureci. Aprendi muito, abandonei minhas certezas e aprendi a amar, inclusive e principalmente aqueles que discordam de mim. Deixei de tentar forçar uma personalidade que não me pertencia, deixei as coisas de menino.
Hoje, mesmo com a constante maturidade que tenho ganhado com a vida, não entendo muito sobre o amor e sobre Deus, é muito difícil vencer a si mesmo e estender as mãos aos que precisam, mais ainda quando esses divergem de mim. Mas, espero pelo dia em que mergulharei e entenderei plenamente como todo esse misterioso oceano funciona.
Assim, fica a fé, uma incrível, constante e crescente comunhão com Deus. Fica também a esperança na salvação e na transformação que Cristo me dará, me capacitando cada dia mais. E o amor. Ah, o amor!! A maior de todas as virtudes espirituais. O altruísta amor ágape."
Enfim... não que eu condene quem dá outros sentidos a esse texto (geralmente, é o sentido sentimental awn rs), mas é muito importante lembrar que, mesmo com as discordâncias, as pessoas são diferentes e muitas delas decidirão uma vida sem Cristo, e que eu, como Cristão, tenho que respeitar a escolha de tal pessoa e continuar a amá-la. Finalizo essa reflexão parafraseando um amigo meu:
"Nós, como cristãos, não podemos levar todas as pessoas para Cristo. Mas é nosso papel, como cristãos - prezando pela justiça social e pelo amor - levar Cristo à todas as pessoas." Thiago Surian
Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário